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Capítulo 10 – O Último Cômodo (Cena: O Último Cômodo)

No capítulo 10, Kael retorna ao interior da casa para encontrar o cômodo final, o mais aguardado e temido de todos. Essa sala derradeira estava sempre lá, porém mantida fechada pela expectativa de que algo ou alguém de fora viesse preenchê-la. Na cena do Último Cômodo, Kael abre lentamente a porta e descobre um quarto vazio – estranhamente vazio de móveis, memórias ou presenças, mas repleto de uma atmosfera sagrada. Os raios de sol desenham um círculo dourado no assoalho de madeira. Não há mais nenhum esconderijo, nenhuma distração: apenas o espaço nu e ele mesmo. Por instinto, Kael caminha até o centro do quarto e ajoelha-se exatamente onde a luz toca o chão. Seu coração bate forte, pois ele pressente o significado: aquele é um altar invisível, reservado para o encontro mais importante – o encontro consigo. Num lampejo de compreensão, ele percebe que o último cômodo não era um espaço à espera de outra pessoa para fazê-lo completo, como ele imaginou em sua solidão. Era um espaço feito para que ele se habitasse por inteiro. As paredes claras refletem a sua presença, e pela primeira vez Kael não se sente só ao estar sozinho ali – sente-se completo. Com os olhos fechados e o peito se expandindo em paz, ele sussurra, como em oração, as palavras que consagram esse momento: “Eu sou lar. Eu sou Casa. Eu sou o Amor que esperava. Eu sou quem veio.” A voz dele treme, enchendo o vazio com verdade. Kael declara que o último cômodo nunca esteve realmente vazio – ele apenas esperava por ele mesmo, pelo amor-próprio que finalmente chegou. Lágrimas escorrem pelo rosto de Kael, mas são lágrimas doces, de alívio e plenitude. Ele deita no chão de madeira, de braços abertos, encarando o teto de um azul pálido que lembra o céu ao amanhecer. Sente na pele a carícia da luz suave e, no coração, a certeza inédita de que “não falta absolutamente nada”. Toda a sensação de incompletude, toda a solidão dolorosa e a espera por alguém de fora dissipam-se como névoa. Kael se tornou sua própria casa, o lar seguro que buscou em outros por tanto tempo. Essa cena é profundamente emocionante e traz um clímax existencial à narrativa. O leitor testemunha o instante exato em que a negação do amor por si mesmo se transforma em autoacolhimento absoluto. A razão entende a mensagem: antes, Kael olhava para o último cômodo de sua alma como um vazio a ser preenchido por outra pessoa – um amor romântico, uma validação externa – e sofria com esse anseio. Agora, ele percebe que esse espaço era sagrado e exclusivamente seu: um templo interno onde ele finalmente acende sua própria luz. O coração do leitor se aquece e talvez derrame lágrimas junto com Kael, pois há uma beleza universal nesse reconhecimento. Quantas vezes nos sentimos incompletos, esperando alguém ou algo nos “salvar” da solidão? Kael nos mostra, com poesia e verdade, que quando nos amamos e nos habitamos por inteiro, a solidão se converte em solitude iluminada. Não há sensação mais curativa do que esta: estar em paz consigo mesmo. Ao terminar essa cena, somos tomados por uma emoção de plenitude – quase podemos ouvir o silêncio luminoso daquele quarto dentro de nossos próprios peitos. E ficamos com a certeza de que a jornada de Kael pela Casa Azul alcançou um sentido profundo: o amor que ele buscava sempre foi ele mesmo. Essa revelação nos convida a prosseguir, ansiosos por ver como essa nova compreensão se manterá diante dos desafios finais.

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