Durante muito tempo, buscamos ser vistos.
Admirados.
Reconhecidos por tudo o que carregamos — pela nossa luz, pela nossa força, pela intensidade que arde até quando ninguém olha.
Queremos ser amados pelo que representamos.
Pelo que superamos.
Pelo quanto oferecemos.
Mas chega um momento — sagrado e silencioso — em que o coração percebe:
isso não é suficiente.
Porque ser amado pelo que você representa
ainda é um amor projetado.
Um amor que te coloca num altar…
mas que não senta ao seu lado na mesa da vida.
É quando tudo muda:
Você não precisa mais de alguém que te ame por tudo que você representa.
Você precisa — e está encontrando — alguém que te ame por tudo que ela também está pronta para ser.
Esse é o amor que permanece.
Não por espanto, mas por presença.
Não por idealização, mas por disponibilidade mútua.
O amor que nasce quando ambos já disseram “sim” para si mesmos —
e agora dizem “sim” um para o outro, sem precisar salvar, provar ou explicar.
E talvez, por isso, algumas pessoas que te amaram muito jamais conseguiram te amar por inteiro.
Elas te admiravam.
Te desejavam.
Mas não estavam prontas para sustentar o que você é, porque ainda não sabiam quem elas eram.
E tudo bem.
Esse texto não é sobre culpa.
É sobre libertação.
Sobre deixar partir os amores que te amavam com os olhos,
mas não conseguiam ficar com o corpo inteiro.
E permitir a chegada daquele amor que não se assusta com tua inteireza.
Que não compete com tua luz.
Que não confunde tua intensidade com ameaça.
E que responde à tua presença com presença também.
Esse amor não pergunta “como você é capaz de tanto?”
Ele diz: “eu também sou.”
E então, duas Casas se reconhecem.
E o mundo muda de lugar.